Brasil e Chile buscam novas rotas de integração para fortalecer comércio bilateral
Com apenas 15% da produção sul-americana consumida dentro da própria região, Brasil e Chile apostam nas Rotas de Integração para ampliar o comércio
247 – Em um novo esforço para impulsionar o comércio regional e aproximar economias vizinhas, Brasil e Chile deram início, nesta terça-feira (22), a uma nova fase de cooperação durante o Fórum Empresarial Brasil-Chile, realizado em Brasília. O evento, que contou com a presença de autoridades dos dois países e lideranças empresariais, teve como foco central o avanço das Rotas de Integração Sul-Americana — um projeto estratégico do governo brasileiro que busca conectar territórios por meio de corredores logísticos modernos e funcionais. As informações são da Agência Gov, via Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO).
João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do MPO e representante da ministra Simone Tebet no evento, destacou a urgência de ampliar o consumo interno na América do Sul. “Somente 15% dos bens e serviços produzidos por nós todos os dias são consumidos por nós todos os dias. Isso tem que mudar”, afirmou. Ele comparou o índice sul-americano aos patamares muito superiores registrados na Europa (62%), Ásia (58%) e América do Norte (40%), ressaltando o potencial desperdiçado do mercado regional.
Três rotas estratégicas entre Brasil e Chile
Durante o fórum, três rotas com alto potencial de transformação foram apresentadas como prioritárias. A Rota 3 (Quadrante Rondon) liga os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso ao porto chileno de Arica. A Rota 4 (Bioceânica de Capricórnio) atravessa o Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina até os portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta. Já a Rota 5 (Bioceânica do Sul), redesenhada recentemente, conecta o Brasil aos portos de San Antonio e Valparaíso.
Villaverde explicou que a construção dessas rotas se baseia em diálogo e escuta ativa. “Nós optamos pelo caminho da escuta, de ouvir os entes federados brasileiros, de ouvirmos os países sul-americanos e de ouvirmos o próprio governo federal brasileiro”, pontuou, destacando uma nova abordagem para a formulação de políticas públicas: descentralizada, colaborativa e voltada para as reais necessidades da sociedade e do setor produtivo.
Integração como motor econômico e social
A presidente da Sociedade de Fomento Fabril do Chile (Sofofa), Rosario Navarro, foi categórica ao afirmar que a integração física entre os países também promove inclusão e desenvolvimento. “Isso não só encurta distâncias logísticas, mas também integra oportunidades, integra comunidades, dinamiza economias locais e amplia o alcance global de nossa região”, declarou. Para Navarro, o Brasil é hoje um parceiro ainda mais estratégico, especialmente em um cenário global marcado por tensões comerciais. “É justamente aqui onde o Brasil aparece como aliado estratégico”, reforçou.
Comércio bilateral em crescimento
Segundo Mario Cezar de Aguiar, vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a parceria entre os dois países já se mostra sólida e promissora. Ele lembrou que o Chile é hoje o terceiro principal destino das exportações brasileiras na América Latina, atrás apenas da Argentina e do México, e que o comércio bilateral cresceu 57% em uma década. O executivo atribuiu esse desempenho, em parte, ao Acordo de Livre Comércio Brasil-Chile, que eliminou tarifas e desburocratizou o intercâmbio comercial.
Acordos e próximos os
O projeto das Rotas de Integração Sul-Americana será novamente debatido nesta quarta-feira (23), em uma mesa-redonda com a presença da ministra Simone Tebet e do presidente chileno Gabriel Boric. O evento também contará com a participação do ministro chileno da Economia, Nicolás Grau, que apresentará o plano de ação do Chile, que inclui 22 projetos rodoviários e a modernização da infraestrutura portuária.
Do lado brasileiro, o plano prevê 190 obras estruturantes, com participação direta da Casa Civil e dos Ministérios dos Transportes, Integração, Portos e Aeroportos, Ciência e Tecnologia e Comunicações. A proposta visa não apenas facilitar o transporte de cargas e ageiros, mas também estimular o desenvolvimento das regiões atravessadas pelos corredores logísticos.
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