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Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

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Bolsonaro na cadeia e fascismo na espreita

O Brasil está no momento mais crítico de sua história recente. A extrema-direita perdeu a primeira batalha, mas não perdeu a guerra

Bolsonaro concede entrevista coletiva após prestar depoimento à Polícia Federal em Brasília - 05/06/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Ontem (10/06), finalmente Jair Bolsonaro teve que prestar contas à Justiça brasileira. O líder da extrema-direita bolsonarista finalmente ficou frente a frente com Alexandre de Moraes, o homem que nos quatro anos do governo Bolsonaro enfrentou a fúria do núcleo duro do governo fascista e sua horda de fanatizados. 

Senhor de todo o processo de investigação e ministro relator do processo, Alexandre de Moraes surpreendeu a todos pela maneira cordata e até bem-humorada como conduziu os questionamentos ao ex-presidente e seus sete colaboradores, acusados de terem participado do planejamento da tentativa golpista. 

Como esperado, Bolsonaro amarelou, chegou a pedir desculpas pelas ofensas e mentiras que disparou contra a Corte em suas redes sociais e mesmo em recentes manifestações pela anistia dele e dos golpistas de 8 de janeiro.

Uma das mentiras das quais Bolsonaro se desculpou foi a proferida em julho de 2022, quando afirmou que os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso teriam recebido entre trinta a cinquenta milhões de dólares pela suposta fraude na eleição.

Acompanhando o chefe, os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e o almirante Almir Garnier se acovardaram ao vivo, diante das câmeras da TV Justiça. Nenhum deles teve coragem de assumir a tentativa de golpe. Ou seja, o que estava em jogo para os golpistas ouvidos ontem não era a defesa de uma convicção político- ideológica, mas única e tão somente dos interesses mesquinhos de se manterem no poder a qualquer custo.  

Todos eles negaram a existência de um plano golpista desencadeado em reuniões com o ex-presidente Bolsonaro. Os oito réus tentaram desacreditar a denúncia do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior que, como testemunha no âmbito da ação penal, afirmou que se posicionou de forma contrária à discussão de uma “minuta do golpe” apresentada no ministério da Defesa, logo após a derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.

Sem argumentos robustos para se defender, Bolsonaro partiu para o que melhor sabe fazer, bravatas. Convidou, mesmo estando inelegível, Alexandre de Moraes para ser seu vice numa chapa para 2026. Às gargalhadas, Bolsonaro disse que arrecadou mais que o “Criança Esperança”, com dezoito milhões de reais recebidos em doações via PIX, feitas por seus apoiadores. 

Ao transformar seu interrogatório no STF em live de campanha, Bolsonaro demonstrou a certeza da impunidade. Não por uma vitória na justiça, mas através de futuro indulto presidencial. Talvez tenha sido este um dos temas das conversas mantidas entre o ex-presidente e o governador Tarcísio de Freitas no fim de semana ado (07/08 de junho), período em que ficou hospedado no Palácio dos Bandeirantes. 

Outra possibilidade para escapar da cadeia seria a fuga do país. 

Enquanto Bolsonaro trabalha para não cumprir pena pela tentativa de golpe, seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, continua firme na cruzada contra o STF. Eduardo articula com membros do governo Trump contra Moraes e a Justiça brasileira. Para isso, se utiliza de narrativas falsas sobre a lisura das investigações e do julgamento dos envolvidos na trama golpista fracassada, desencadeada pelo pai.

A história mostra que a Justiça é a primeira vítima dos autocratas. Destruí-la é questão primordial para a implantação de um estado ditatorial. Aliás, os ataques à Suprema Corte do país começaram oito anos atrás. 

Quem não se lembra de uma palestra de Eduardo Bolsonaro, em outubro de 2018, quando disse que para fechar o STF é necessário apenas um cabo e um soldado? Na tentativa de golpe, foram muito mais que isso: generais, almirantes, brigadeiros, policiais militares, agentes da Polícia Rodoviária Federal. Ainda que não tenham conseguido, deixaram marcas profundas na democracia e nas instituições da república. Como cupins, corroeram o poder legislativo, comprometeram o poder executivo e abriram uma avenida para o avanço do fascismo. 

O Brasil está no momento mais crítico de sua história recente. A extrema-direita perdeu a primeira batalha, mas não perdeu a guerra. E nesse combate pelos ideais democráticos, o avanço do julgamento dos golpistas, com a garantia do contraditório e da ampla defesa aos réus – como temos visto – é de imenso valor. Que estejamos todos, sociedade civil, instituições, eu e você, como patriotas que somos, atentos e dispostos a proteger o país e nossa democracia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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