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Homero Gottardello

Jornalista, Bacharel em Direito, Música (habilitação em “Teoria Geral da Música”) e Belas-Artes (habilitação em “Cinema”)

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BYD ‘matará’ Tesla com sistema ‘God’s Eye’

Condução semiautônoma está disponível como item de série para modelos chineses na faixa de R$ 110 mil; marca de Elon Musk tem quedas de até 45%, na Europa

Veículo da montadora chinesa BYD - 03/03/2025 (Foto: REUTERS/Quetzalli Nicte-Ha)

A Tesla ganhou fama e mercado, nos Estados Unidos, Europa e China, como uma combinação até então inédita: modelos de luxo totalmente eletrificados que, pela primeira vez, traziam recursos de direção semiautônoma capazes de levar seus carros, sozinhos, de ponto a ponto. Por mais que se conteste os limites do AutoPilot, a verdade é que quando ele foi lançado, no final de 2015, parecia ficção científica. Basta dizer que, uma década depois, não existe nada nem parecido embarcado nos automóveis de produção nacional, no Brasil. O sistema chegou ao mercado norte-americano com a versão 7.0 do software da marca, não com os mesmos recursos de hoje, mas deixando o Intelligent Drive da Mercedes-Benz, que era o que havia de mais avançado na época, como uma peça de museu. Agora, Elon Musk parece ameaçado até mesmo naquilo que foi uma de suas primazias. “A Tesla já ficou para trás dos chineses em inteligência artificial (IA) e condução autônoma”, sentencia o chefe de pesquisa automotiva e de mobilidade da consultoria Evercore, Chris McNally. “A BYD a está superando de forma clara e contínua, com vantagens em inovação, escala e uma cadeia de suprimentos de baixo custo”, acrescenta McNally.

Desde o início deste ano, a BYD equipa muitos de seus modelos, no mercado chinês, com o “God’s Eye” – ‘Olhos de Deus’, em tradução livre. “Esta estratégia está fazendo a Tesla, simplesmente, desmoronar, na China”, garante o investidor Taylor Ogan, presidente-executivo (CEO) da Snow Bull Capital, gestora de fundos norte-americana com viés de alta tecnologia. “Os fabricantes chineses, liderados pela BYD, superaram a marca de Musk na corrida para produção de EVs realmente íveis. Agora, eles estão deixando a Tesla para trás também no campo da condução autônoma, basta ver que alguns de seus lançamentos ofertam sistemas de Nível 2 como item de série, enquanto Musk cobra pelo menos US$ 9 mil – o equivalente a R$ 50 mil – pelo que chama de ‘Full Self-Driving’ (FSD) e que nada mais é do que a mais recente evolução do AutoPilot”, avalia o executivo.

Em entrevista à rede CNBC, no mês ado, Ogan disse que a BYD pode se tornar a companhia mais valiosa do mundo. “Trouxemos nossa empresa de capital de Boston para Shenzhen, em 2023, por uma razão muito simples: queremos estar perto dos desenvolvedores de tecnologias que terão impactos positivos no mundo e isso inclui os veículos autônomos (AVs)”, afirma ele, destacando que tanto a Leapmotor quanto a Xpeng embarcam sistemas semelhantes ao “God’s Eye” e ao AutoPilot em EVs que custam a partir de US$ 20 mil (o equivalente a R$ 111 mil). “Esses desenvolvedores têm apoio do governo chinês e o ‘God’s Eye’ é, hoje, superior ao FSD da Tesla, já que usa radares e a sensores LiDAR, enquanto Musk optou por uma abordagem ‘incomum’, digamos assim, confiando apenas em câmeras e IA para reduzir custos”, detalha.


Robotáxis - Há cerca de uma década, Elon Musk prometeu o lançamento de robotáxis que, em tese, seriam os primeiros Tesla totalmente autônomos. Há uma grande expectativa em relação à introdução de uma pequena frota em Austin, no Estado norte-americano do Texas, onde o empresário sul-africano concentra seus negócios e onde ele ainda é visto como uma espécie de gênio da raça. O problema é que, após atrasos subsequentes e, principalmente, depois de uma agem conturbada como conselheiro do governo de Donald Trump, o mundo parece ter enxergado que, na verdade, Musk trata-se, apenas e tão somente, de um encantador de serpentes – ou, como se diz na língua de Camões, de um grande picareta. “A concorrência chinesa levou Musk a uma grande mudança estratégica, riscando um EV ‘popular’ de US$ 25 mil – o equivalente a R$ 140 mil – dos planos da Tesla. Hoje, o robotáxi sustenta, sozinho, a capitalização de mercado da marca, que vem perdendo valor substancialmente”, avalia Norihiko Shirouzu, da Universidade de Stanford, correspondente de mobilidade da Agência Reuters.

Os números de maio – lembrando que os dados de Europa e Ásia demoram dois meses para serem consolidados – corroboram o derretimento da Tesla: quedas de 45%, no Reino Unido; 36%, na Alemanha; 30%, na China, e 20%, na Itália. Até mesmo nos Estados Unidos, onde os EVs cresceram 11% no primeiro trimestre deste ano, as comercializações da Tesla caíram 9% em relação ao mesmo período de 2024. “O volume de produção da fábrica GigaShangai, que inclui exportações, também foi reduzido em 15%, em maio. A queda segue a mesma tendência europeia e, embora a Tesla seja cada vez mais vista como uma empresa de IA, cerca de três quartos de sua receita e lucro advém da venda de automóveis. E com o segundo trimestre quase fechado, a chance de as vendas se recuperarem desse péssimo começo de ano é diminuta”, projeta o gestor de investimentos do Future Fund australiano, Gary Black.

Na China, grandes empresas de robotáxi operam frotas com até 5.000 modelos autônomos em até 30 metrópoles e megalópoles (Pequim, Guangzhou e Wuhan, para citar apenas três), incluindo Baidu (Apollo Go), WeRide e Pony.ai. Atrás da Grande Muralha, uma viagem a bordo do AV da Apollo Go, o RT6 que já mostramos em todos os seus detalhes (https://www.mobiauto.com.br/revista/do-masp-a-catedral-da-se-por-r-25-robotaxi-sem-motorista-ja-e-realidade/4879), custa menos do que em um Uber ‘Black’ brasileiro. Nos EUA, a Waymo, empresa que nasceu do Google e, hoje, pertence à gigante Alphabet, já opera 1.500 robotáxis em Phoenix (Arizona), San Francisco e Los Angeles (Califórnia), além da própria cidade texana de Austin. “Nossos veículos autônomos são um elemento onipresente na paisagem urbana de quatro das maiores cidades norte-americanas, já são parte da vida cotidiana das pessoas”, destaca o diretor de produtos da companhia, Saswat Panigrahi.

Musk recuou em suas críticas a Trump, mas seus negócios seguem ameaçados também pelo prisma governamental – que é de onde vem seu verdadeiro sustento. “Os negócios, todo o império, incluindo a SpaceX, a Starlink e a Tesla, correm o risco de perder pelo menos US$ 48 bilhões em vendas e contratos – o equivalente a R$ 270 bilhões”, pontua o redator do portal “Wired”, Paresh Dave, que cobre o dia-a-dia das grandes empresas norte-americanas de tecnologia. Resta saber se, caindo a máscara neoliberal, as empresas do sul-africano continuarão se beneficiando do apoio governamental e de dinheiro público para se manterem de pé.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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