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Valéria Guerra Reiter

Escritora, historiadora, atriz, diretora teatral, professora e colunista

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Clubes do poder!

A manutenção do poder capitalista está ancorada na colonialidade, que naturaliza desigualdades raciais e transforma a violência em rotina social

ageiros do BRT se protegem durante tiroteio, no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Há uma retórica da superioridade cultural (eurocentrismo) e uma prática genocida com naturalização das hierarquias raciais e a manutenção do poder capitalista.

Desde os clãs primitivos que a humanidade vem sofrendo os efeitos da luta. A luta pela sobrevivência: por alimento, por conforto, por território. As ciências naturais, e mais tarde, a Antropologia nos advertem sobre isto.

Nossa busca por sabedoria, que a filosofia nos faculta, abriu o caminho das descobertas sobre nosso universo interior. Somos corpos dóceis, se deixarmos.

A colonialidade veio para estruturar: um desumano modo de produção. O trecho a seguir demonstra o quanto o Homo sapiens é ainda um protótipo: “o capitalismo mundial nasceu colonial e continua sendo colonial” (QUIJANO, 2005, p. 122).

A afirmação de Quijano se espelha no “servilismo dos tempos”. Juntamente à ferida milenar da escravidão, que foi/é um vil meio utilizado para explorar e liquidar gente.

O genocídio vem até hoje sendo exercido como se fosse o chantilly do progresso social, ele não é só direto e explícito, ele também é sub-reptício com suas leis e salários assassinos.

O trecho a seguir que advém do autor Aimé Césaire demonstra o quanto a intencionalidade para a colonização de mentes existe.

“A maldição mais comum nesta matéria é deixarmo-nos iludir, de boa fé, por uma hipocrisia coletiva, hábil em enunciar mal os problemas para melhor legitimar as soluções que se lhes aplicam.

Equivale a dizer que o fundamental, aqui, é ver claro, pensar claro — entenda-se, perigosamente —, responder claro à inocente questão inicial: o que é, no seu princípio, a colonização? Concordemos no que ela não é; nem evangelização, nem empresa filantrópica, nem vontade de recuar”.

Naturalizar a DESIGUALDADE é um fetiche a ser extirpado do seio da sociedade.

O poder-saber dos indivíduos é usurpado pelo poder estatal. Será que tal afirmação é um grito no deserto?

Vejamos as últimas notícias da cidade do Rio de Janeiro, que já foi capital do Brasil: “Um confronto armado na zona norte do Rio de Janeiro provocou o fechamento de duas das principais vias expressas da cidade e deixou o município em nível 2 de alerta (em uma escala de 1 a 5). O tiroteio - resultado de uma operação policial no Complexo de Israel - resultou na interdição da Avenida Brasil (que liga a zona oeste ao centro) e da Linha Vermelha (que conecta a Baixada Fluminense ao centro).

Pelo menos dois ônibus foram alvos de tiros na Avenida Brasil e duas pessoas ficaram feridas, um ageiro e um motorista, segundo a Federação das Empresas de Mobilidade do Rio (Semove)”.

As imagens das pessoas deitadas no BRT apavoradas, muitas orando demonstra o quanto os clubes do poder controlam suas parcas existências. Gente trabalhadora e escravizada, que vive no porão do Deus dará.

Gente que está sentada no banco dos réus da injustiça social. Elas não possuem carteirinha dos clubes do poder.

Elas são a massa colonizada que aceita as chicotadas no lombo diariamente.

Ademais, os intelectuais são “agentes de consciência” para o bem ou para o mal.

Muitos deles, lamentavelmente, surfam nos clubes do poder, onde você, cidadão da base da pirâmide, não tem permissão para adentrar.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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