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Entenda os principais pontos do depoimento de Cid, que complicam ainda mais Bolsonaro

Mauro Cid diz ao STF que Bolsonaro recebeu minuta do golpe e "enxugou", mantendo prisão de Moraes

Mauro Cid (Foto: Gustavo Moreno / STF)
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247 – Durante quatro horas de interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou, com detalhes, os principais elementos da delação premiada firmada com a Polícia Federal, que incriminam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. A audiência, realizada na segunda-feira (9/6), faz parte da série de interrogatórios dos réus acusados de articular uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral em 2022. 

Cid reafirmou, logo no início, a veracidade de todas as informações prestadas à PF durante a colaboração. “Confirmo integralmente o conteúdo da minha delação”, disse, ao ser questionado pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. O ponto mais contundente do depoimento foi a confirmação de que Bolsonaro não apenas teve conhecimento da chamada “minuta do golpe”, como também a editou pessoalmente. O documento previa, entre outras medidas, a prisão do próprio Moraes, além da anulação das eleições que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“De certa forma, ele enxugou o documento, retirando autoridades das prisões, ficando somente o senhor como preso. O resto…”, relatou Cid, provocando uma reação irônica do ministro: “O resto foi conseguindo um habeas corpus”.

Outro trecho revelador envolveu um documento batizado de “Copa 22”, que segundo Cid detalhava gastos com deslocamentos a Brasília e teria sido discutido na casa do general Braga Netto. A peça, conforme denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), citava até o assassinato de Lula, Moraes e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Cid, no entanto, negou ter reado esse material. “Não me lembro se imprimi para mostrar para o coronel, tesoureiro do PL, ou se mostrei no próprio computador ou no celular”, disse.

Visivelmente nervoso durante o depoimento, com voz embargada, gaguejos e longas pausas, Cid respondeu a todas as perguntas feitas, como é obrigatório em acordos de colaboração. Ele também foi questionado sobre uma foto da minuta do decreto golpista encoberta parcialmente por um papel. Disse que não sabia quem tirou a imagem: “Não me lembro quem mandou. É um documento mal escrito. Mas não fui eu quem tirou a foto.”

Ao ser indagado sobre os participantes da suposta trama, Cid negou a existência de um grupo estruturado, mas afirmou que havia pessoas no entorno do governo que levavam ideias golpistas a Bolsonaro. “Os grupos não eram organizados. Era cada um com sua ideia. Não existia uma organização e nem reuniões. Tinham dos mais conservadores aos mais radicais.”

Sobre os militares, apontou o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, como “um dos mais radicais”, enquanto descreveu Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira como figuras mais moderadas.

A defesa de Cid fez apenas uma pergunta ao final: se Bolsonaro havia expressado o desejo de se manter no poder após a derrota. Cid respondeu que a maior preocupação do ex-presidente “sempre foi encontrar uma fraude nas urnas”. Repetiu a afirmação de que Bolsonaro insistia nessa tese sem nunca conseguir comprovar nada.

Do lado do ex-presidente, o advogado Celso Vilardi criticou o ex-ajudante: “Tem uma memória seletiva. Quando confrontado, diz que esqueceu.” O próprio Bolsonaro, ao sair do tribunal, falou brevemente com a imprensa: “Não vou ser condenado. Estou bem, estou tranquilo. Mas é lógico que ninguém queria estar aqui.”

A audiência de Mauro Cid marca o início da fase mais aguardada do processo. O ministro Alexandre de Moraes reservou todos os dias desta semana para os interrogatórios dos réus. As sessões ocorrem com transmissão pelo canal do Metrópoles no YouTube. Nesta terça-feira (10/6), o depoimento será do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.

A denúncia apresentada pela PGR foi aceita por unanimidade na Primeira Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Os réus respondem por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

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