Lula é incluído em site ucraniano que lista “inimigos do Estado”
Site usado por autoridades da Ucrânia acusa o presidente brasileiro de negar “direito à autodefesa” e de apoiar “regimes agressivos”
247 - O presidente Lula foi incluído no banco de dados do site Myrotvorets, plataforma criada por ex-membros dos serviços secretos ucranianos para listar pessoas classificadas como “ameaças à segurança nacional da Ucrânia”. Também foram listados o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, e o líder bósnio Milorad Dodik.
Embora o site não tenha valor legal, é utilizado por autoridades ucranianas como instrumento simbólico de pressão e intimidação. Segundo a publicação, Lula teria negado “o direito da Ucrânia à autodefesa” e colaborado com “regimes agressivos”.
A inclusão ocorre após a visita de Lula a Moscou, no dia 9 de maio, para participar das celebrações pelos 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo. A reação do governo de Volodymyr Zelensky veio em tom de reprovação. O presidente ucraniano afirmou que não poderia garantir a segurança dos chefes de Estado que estivessem na Rússia e classificou como “performance teatral” a proposta de cessar-fogo feita por Vladimir Putin durante o evento. A presença de líderes estrangeiros em Moscou foi interpretada por Kiev como um gesto de apoio ao Kremlin.
Ainda assim, Lula reiterou em sua agem pela França sua crítica à invasão da Ucrânia. “Até hoje faço a crítica sobre a ocupação da Ucrânia pela Rússia. As pessoas precisam se dar conta… Já está mais do que provada a insanidade mental da guerra”, declarou, ao mesmo tempo em que voltou a defender um cessar-fogo imediato e a retomada de negociações para pôr fim ao conflito. A posição brasileira tem desagradado aliados da OTAN, que veem na neutralidade de Lula um obstáculo à manutenção da guerra como estratégia.
Criado em 2014, o Myrotvorets já expôs dados de jornalistas, artistas e lideranças religiosas, alguns dos quais sofreram perseguições ou ataques após serem listados. O caso mais conhecido é o do jornalista ucraniano Oles Buzina, assassinado em Kiev em 2015, dias depois de ter seus dados divulgados pela plataforma.
A inclusão de Lula no site reforça a tentativa de deslegitimar iniciativas de mediação fora da lógica atlantista e representa um gesto de hostilidade contra a diplomacia autônoma brasileira. Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
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