Trump foi avisado de ataque de Israel ao Irã, indicam sinais em Washington
Decisão dos Estados Unidos de retirar pessoal diplomático de Bagdá antes da ofensiva reforça hipótese de que Washington tinha conhecimento prévio da ação
247 – Os Estados Unidos estavam cientes da ofensiva israelense contra o Irã, sugerem sinais e medidas adotadas horas antes do ataque. A análise é do correspondente Alan Fisher, da emissora Al Jazeera, que reporta de Washington, DC, sobre os bastidores da movimentação diplomática norte-americana nos dias que antecederam o bombardeio.
"Certamente, todas as flechas apontam nessa direção – de que Donald Trump foi informado de que haveria algum tipo de ataque", afirmou Fisher, em cobertura especial para o canal árabe. O jornalista contextualiza que, 24 horas antes da ação militar israelense, os Estados Unidos anunciaram a retirada de funcionários não essenciais da embaixada em Bagdá, além de recomendarem que outros diplomatas deixassem a região, caso desejassem.
Essa movimentação foi interpretada como um forte indicativo de que Washington antecipava uma escalada militar na região. Embora o governo Trump afirme que não participou da ofensiva, as evidências sugerem que houve, no mínimo, uma comunicação prévia entre Israel e os Estados Unidos sobre o ataque planejado.
Ainda segundo Fisher, Trump publicou uma nota na rede Truth Social, sua plataforma digital, em que afirmou ter ordenado ao governo que priorizasse uma solução diplomática com Teerã. "A essência da mensagem foi de que ele não queria que o Irã obtivesse uma arma nuclear, mas esperava que houvesse negociações", disse o jornalista.
O momento da publicação também chama a atenção. Segundo a Al Jazeera, Trump estava participando de um piquenique do Congresso na Casa Branca quando a mensagem foi divulgada, o que demonstra que ele mantinha uma rotina normal, apesar do cenário tenso. Isso reforça a tese de que o governo norte-americano foi informado da operação e teve tempo para organizar sua resposta política e diplomática.
Fisher destaca que, embora as autoridades dos EUA estejam sinalizando que não houve envolvimento direto na operação israelense, "o fato de os israelenses terem seguido em frente sugere que, mesmo sem a participação dos EUA, eles estavam informados sobre o que estava para acontecer".
A principal incógnita agora, aponta o repórter, é a reação iraniana e como os Estados Unidos responderão. A região vive um momento de alta tensão e qualquer retaliação de Teerã pode desencadear uma resposta em cadeia, com consequências imprevisíveis para a estabilidade do Oriente Médio.
O episódio reaviva debates sobre a política externa norte-americana sob Trump, que, mesmo buscando uma saída diplomática com o Irã, sempre manteve um discurso rígido contra a possibilidade de um Irã nuclear. A aparente coordenação indireta com Israel, nesse contexto, levanta questionamentos sobre os limites da neutralidade de Washington e os riscos de uma escalada militar não controlada.
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