Zelensky diz que aliados do Ocidente exigiram alistamento de jovens de 18 anos na Ucrânia
Presidente afirma que parceiros condicionaram sanções à Rússia à convocação obrigatória de adolescentes para o front
247 - Em entrevista ao jornal húngaro Valasz Online, publicada nesta terça-feira (10), o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, revelou que países aliados do Ocidente pressionaram Kiev a adotar o alistamento militar obrigatório a partir dos 18 anos, como condição para o endurecimento das sanções contra a Rússia.
A declaração surge em meio a um cenário de desgaste social com as campanhas de mobilização e denúncias de recrutamentos forçados em diversas regiões do país.
“Mobilização é um problema em todas as guerras. A Ucrânia não é exceção… As pessoas estão cansadas”, afirmou Zelensky ao reconhecer o esgotamento da população diante dos longos meses de conflito. Segundo ele, o país consegue mobilizar cerca de 27 mil pessoas por mês.
Apesar da insistência de seus apoiadores ocidentais, o chefe de Estado ucraniano afirmou ser contra a convocação compulsória de jovens de 18 anos. “Não é o número de pessoas que importa, mas as armas e a tecnologia”, declarou, acrescentando que essa lógica também se aplica ao impacto das sanções internacionais.
Zelensky ainda disse que as justificativas dadas por alguns países para não ampliarem as punições contra Moscou incluem o fato de a Ucrânia não ter mobilizado jovens de 18 anos. “Ao mesmo tempo, os parceiros ocidentais listam os motivos pelos quais não decidiram sobre as sanções, dizendo que a Ucrânia não mobilizou a partir dos 18 anos”, disse ele.
Na tentativa de atender parcialmente às demandas externas, Kiev ou a incentivar, ainda que de forma voluntária, o alistamento de jovens entre 18 e 24 anos. “Oferecemos a oportunidade para que os jovens de 18 a 24 anos mostrem que também podem servir, se nossos parceiros quiserem”, afirmou o presidente. “Milhares estão lutando na linha de frente sem armamento adequado”, completou.
A Ucrânia decretou mobilização geral em fevereiro de 2022, impedindo a saída do país da maioria dos homens entre 18 e 60 anos. Em 2024, diante das crescentes perdas no campo de batalha, o governo reduziu a idade mínima de recrutamento de 27 para 25 anos e endureceu as regras de mobilização. Essa nova fase gerou confrontos entre civis e agentes de recrutamento e relatos de alistamentos coercitivos.
Neste ano, o governo lançou uma campanha de recrutamento militar voluntário voltada para jovens entre 18 e 24 anos. A medida, no entanto, tem sido criticada por Moscou. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, descreveu o programa como “uma agem só de ida”, alegando que Kiev estaria “aniquilando sua juventude”.
Oficiais russos reiteram que os Estados Unidos e seus aliados estão dispostos a prolongar o conflito “até o último ucraniano”. A imprensa internacional também noticiou que assessores do então presidente dos EUA, Joe Biden, teriam feito pressão direta para que Kiev baixasse a idade mínima de recrutamento dos 25 para os 18 anos. Na época, o então secretário de Estado Antony Blinken declarou que a Ucrânia teria de tomar “decisões difíceis” em relação à mobilização.
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